A caligrafia é ultrapassada! Com computadores, tablets e smartphones quem ainda perde tempo com papel, caneta e fica fazendo tracinhos? Se essa frase fez algum sentido para você, leia esse artigo que talvez você esteja deixando escapar várias coisas importantes.
Você já deve ter ouvido ou até já deve ter usado a expressão “reinventar a roda”, sim, é isto o que muitos modismos pedagógicos tentam fazer quando querem introduzir novas práticas de ensino.
A caligrafia, uma prática antiga e consagrada, é frequentemente criticada pelas alas mais progressistas do ensino por ser considerada retrógrada, maçante, repetitiva e desnecessária.
Porém, o tempo e a experiência já mostraram que essa prática é benéfica para o aprendizado da escrita, até aqui, nada de novo, não é verdade?
Entretanto, a novidade é que a prática da caligrafia influencia não só no aprendizado da escrita, mas até no aprendizado da leitura.
Aprender a escrever com caligrafia, “desenhando” as letras e seus traços, é a melhor forma de aprender a escrever e também, de quebra, influencia no aprendizado da leitura.
Outros meios de escritas mais modernos, como a digitação em teclados eletrônicos, já foram testados como meio de aprender a escrita e se mostraram ineficientes para a melhora do aprendizado. Tanto do aprendizado da própria escrita, quanto para o suporte no aprendizado da leitura.
Por outro lado, a prática inicial da caligrafia afeta o reconhecimento visual do símbolo. A escrita manual serve para vincular o processamento visual à experiência motora, facilitando as habilidades subsequentes de reconhecimento de letras. ¹
E essas habilidades que auxiliam no reconhecimento de letras, são fundamentais para o aprendizado da leitura, portanto, a caligrafia não é benéfica tão somente para o aprendizado da escrita, mas também para o aprendizado da leitura.
O reconhecimento dos grafemas (letras ou conjunto de letras) como sinais gráficos que representam os sons da fala (fonemas) é uma das competências iniciais e primordiais para o desenvolvimento da leitura.
Já sabemos que é um fato que “quanto mais entregamos à máquina uma parte importante de nossas atividades cognitivas, menos nossos neurônios encontram matéria com a qual se estruturar, organizar e conectar (...) as crianças que aprendem a escrever no computador, com um teclado, têm muito mais dificuldade para decorar e reconhecer as letras do que aquelas que aprendem a escrever à mão, com lápis e uma folha de papel”. ²
Dessa forma, quando a criança pratica a caligrafia, ela desenvolve uma relação entre suas capacidades cognitivas e suas habilidades motoras, facilitando o reconhecimento das letras, essa prática propicia à criança uma maior eficiência no aprendizado, se comparado com as práticas de digitação.
Várias pesquisas com crianças pré-escolares, ou seja, crianças que ainda não estão em idade escolar, concluíram que existe uma variável forte entre o alto desempenho em alfabetização e a aquisição prévia da competência de reconhecimento de letras, números e símbolos.
O que isto quer dizer? Quer dizer que as crianças que entraram no sistema de ensino com essas habilidades têm mais desempenho em alfabetização.
Se você quer ensinar seus filhos a ler e escrever, pode anotar, a caligrafia é uma das competências que você vai precisar inserir no currículo deles.
Você deve ter notado que a caligrafia, além de instruir positivamente as crianças para a prática da escrita, ajuda no aprendizado da leitura, pois a relação viso-motora é propícia para o reconhecimento das letras.
Pois bem, existem várias habilidades e competências que auxiliam as crianças no aprendizado da leitura e escrita. Como, por exemplo, orientação espacial, discriminação visual, consciência fonológica e fonêmica etc. Sendo assim, para você alfabetizar bem seus filhos, considere essas competências, a caligrafia é uma delas.
Todas essas competências, ao serem trabalhadas em conjunto, facilitam o aprendizado da leitura.
Portanto, o que a expressão “reinventar a roda” que citei no início desse artigo pode nos ensinar sobre o ensino infantil?
Essa expressão nos lembra que não temos tempo a perder com novidades fúteis, foque suas energias nas habilidades e competências que já sabemos que funcionam.
Aproveite cada momento com seus filhos da melhor maneira possível, pois eles vão crescer, e aqui vai um clichê, eles crescem muito rápido, depois você vai perceber que tudo não passava de testes e as últimas modas pedagógicas desaparecerão, seja prático, foque no que já sabemos que funciona, trilhe um caminho seguro.
Se você quer saber mais sobre todas as habilidades e competências que seus filhos precisam para aprender a ler e escrever na prática, de forma eficiente, clique aqui, e assista a uma apresentação gratuita do nosso método, onde demonstramos todo o passo a passo para você ensinar seus filhos ou seus alunos a ler e escrever de forma simples e objetiva.
Até o próximo artigo.
Referências
1. Mangen, Anne. Et all. Handwriting versus keyboard writing: Effect on word recall. Journal of Writing Research, 2015.
2. Desmurget, Michel. A fábrica de cretinos digitais: Os perigos das telas para as nossas crianças. Vestígios; 1ª Edição. Setembro de 2021. Página, 114.
Comments