A melhor maneira de ensinar a ler é usando a instrução fônica sistemática. Esta abordagem é baseada em décadas de estudos das neurociências. Aprender a ler requer várias partes diferentes do cérebro trabalhando juntas. Isto precisa ser desenvolvido!
Caroline Miller - Tradução: Equipe Alfabetização Diária
Por que a instrução fônica supera as abordagens populares como a “alfabetização equilibrada”, que é um misto entre algumas competências da abordagem fônica e os métodos globais?
A leitura é a habilidade mais importante que as crianças precisam adquirir nos primeiros anos de escola. Mas como é ensinado pode ter um grande impacto sobre o sucesso delas.
Algumas crianças aprenderão a ler facilmente, não importa qual seja o currículo. Mas muitos outros - incluindo aqueles com dislexia - precisam de um tipo específico de instrução para aprenderem a ler de forma eficaz. E muitas escolas não estão usando esse tipo de instrução – ou não estão usando o suficiente.
A melhor maneira de ensinar uma criança a ler é usando o que chamamos de instrução fônica sistemática. Esta abordagem é baseada em décadas de estudos das neurociências. Ao contrário da fala, a leitura não é uma habilidade que o cérebro das crianças está programado para desenvolver. Aprender a ler requer várias partes diferentes do cérebro trabalhando juntas.
Quando as crianças estão aprendendo a ler, elas estão aprendendo a reconhecer letras (símbolos) e combiná-las com sons específicos (fonemas). Esse processo é chamado de relação “grafofonêmica”, muito utilizado em programas que utilizam a abordagem fônica.
Aprender a fazer isso rapidamente exige muita prática e funciona melhor se as crianças dominarem combinações simples de letras e sons antes de aprenderem as mais complicadas. Por exemplo, as crianças podem aprender que “aí” faz um som “A”. Em seguida, elas praticam o reconhecimento desse padrão em palavras diferentes.
Essa abordagem gradual e estruturada é o que é usado em uma instrução fônica sistemática. Elas aprendem os fonemas em pequenos passos, com muita prática, construindo desde sons simples até sons mais complexos. E elas praticam a leitura usando livros que contêm principalmente os padrões de letras e sons que já conhecem.
Quais abordagens não são baseadas na instrução fônica?
Abordagens de leitura chamadas de “métodos globais” ou “métodos mistos” são ineficazes para muitas crianças, incluindo aquelas com dislexia, explica Laura Phillips, Doutora em psicologia e neuropsicóloga clínica do Child Mind Institute.
As abordagens de “linguagem integral” (ou métodos globais) são baseadas na ideia de que as crianças podem aprender melhor a ler “naturalmente” pela exposição à linguagem escrita que é relevante e motivadora para elas. Ao tentar ler novas palavras, elas são ensinadas a procurar pistas sobre seu significado em imagens ou no contexto da história, em vez de sondá-las. Mas isso desvia a atenção das crianças do que deveriam focar, diz a Dra. Phillips, que são as letras e os sons.
“Alfabetização equilibrada” (ou métodos mistos) é um currículo que combina diferentes componentes de instrução de leitura – incluindo algumas competências da instrução fônica, vocabulário e compreensão. Mas a Dra. Phillips argumenta que não há instrução fônica suficiente na "alfabetização equilibrada" para muitas crianças aprenderem a ler com proficiência, especialmente crianças com dislexia.
O que procurar em um programa de leitura?
Como os pais podem saber se o programa de leitura na sala de aula de seus filhos é baseado na instrução fônica? Aqui estão as dicas de nossos especialistas:
- Observe as palavras que a criança está sendo solicitada a aprender. Se todas elas estiverem na mesma família de palavras ou todas soarem iguais – como gato, pato, rato, mato – é baseado na instrução fônica. Se forem apenas agrupamentos de palavras de alta frequência como os, lhe, ter, que, não é um programa baseado na instrução fônica.
- Se houver uma “lista de palavras” na sala de aula, as palavras em um programa baseado na instrução fônica são agrupadas por sons e padrões de letras, em vez de listadas em ordem alfabética. Também pode ser chamado de “lista de sons”.
- A criança está sendo instruída a adivinhar? Os programas que utilizam a instrução fônica não incentivam a adivinhação com base na imagem ou no contexto. Os programas que utilizam a abordagem fônica incentivam seu filho a olhar para as letras e produzir seus sons correspondentes.
- Em um bom programa que utiliza a instrução fônica, as crianças são instruídas e dirigidas. Não se espera que aprendam a ler só porque estão expostas a muitos livros. É preciso instrução direta e sistemática e prática intencional.
- Quanto elas estão praticando? Com a instrução fônica, tem que haver muita repetição. Isso pode incluir uma criança aprendendo a decodificar a palavra, escrever a palavra e, em seguida, usar a palavra em uma frase. É repetitivo, mas elas estão sendo solicitadas a fazer a repetição de várias maneiras, o que reforça o aprendizado.
- Abordagens de leitura eficazes também são frequentemente descritas como “multissensoriais”. Abordagens baseadas na instrução fônica multissensorial são projetadas para reforçar o aprendizado ouvindo palavras, vendo-as, dizendo-as, escrevendo-as em uma frase, até mesmo incorporando gestos e movimentos.
- Para ajudar as crianças a absorverem e aplicar o que aprenderam, elas devem receber material de leitura que contenha os padrões fonológicos que dominaram. Os materiais de leitura que correspondem a lições fonológicas específicas são chamados de textos “decodificáveis”. Livros decodificáveis são livros nos quais pelo menos 98% das palavras contêm os padrões fonológicos que as crianças aprenderam até o momento.
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Até o próximo artigo.
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