Tudo na vida é uma questão de escolha, escolher os livros para nossos filhos pode parecer uma tarefa fácil, mas quem já tentou fazer isso deve ter percebido que não é tão simples assim. Por isso, trouxemos para você uma lista primorosa de centenas de livros separados por faixa etária para te guiar nessa tarefa.
A lista de livros que segue neste artigo é voltada para o público de língua inglesa, por conta disso as referências às edições e traduções são relativas ao mundo anglo-saxônico, assim como a seleção das obras. Apesar de haver muitas obras de valor universal, comum a qualquer comunidade humana, as influências culturais e as referências mais gerais são para pessoas de cultura inglesa.
Talvez seria o caso de em um próximo artigo levarmos em conta as obras da tradição luso-brasileira com a inclusão dos nossos grandes autores como Machado de Assis, Camilo Castelo Branco, Monteiro Lobato etc. E até mesmo os portugueses como Camões, Fernando Pessoa, Eça de Queiroz e muitos outros.
Entretanto, essa observação não tira em nada o valor para nós, pais, dessa lista que você verá agora. Ela só vem a contribuir na formação literária dos nossos filhos. Pois está repleta de grandes obras e de excelentes escritores da literatura ocidental¹.
John Senior e os 1000 melhores livros
Scott Hambrick - Tradução: Equipe Alfabetização Diária
Se você está se perguntando: “Como posso fazer com que as crianças leiam os grandes clássicos da literatura?”, John Senior nos deu a resposta. E a resposta é não: você não pode. Elas não estão preparadas ainda. Elas precisam de 1000 livros primeiro, antes de ler os grandes clássicos.
Um dos maiores educadores dentro do movimento dos grandes clássicos foi John Senior. Ele como poucos educadores, fundou o Programa de Humanidade Integrada da Universidade de Kansas nos anos 1960. O programa foi interrompido há muitos anos. Eu acredito que foi interrompido porque foi um sucesso. Mas essa é uma discussão para outro artigo.
Senior, provavelmente mais do que Mortimer Adler, viu muita dificuldade para atrair novos alunos para aprender por meio da literatura. Ele acreditava que nós precisamos ser “fertilizados” com bons livros e boas histórias, mergulhando na cultura ocidental, para podermos ter uma maior proximidade com os grandes clássicos. Em seu livro “A restauração da cultura Cristã” ele descreve como brincadeiras, trabalho, costumes, comida e muito mais podem nos ajudar a aprender com o mundo ao nosso redor.
Ele disse, “as sementes (dos livros clássicos) são boas, mas a solo que é a cultura foi degradado; a fertilidade das ideias de Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, São Tomás, só cresceram propriamente em uma imaginação repleta de fábulas, contos de fadas, estórias, rimas, aventuras, que foram desenvolvidas em milhares de livros como os de Grimm, Andersen, Stevenson, Dickens, Scott, Dumas, e os demais. A tradição ocidental, pegando tudo isso que foi o melhor que o mundo greco-romano desenvolveu em si mesmo, e nos deu milhares de bons livros como uma preparação para os grandes clássicos e para todos os estudos das artes e ciências, sem isto tais estudos são desumanos.”
A melhor maneira de colocar nossos filhos no caminho dos grandes clássicos:
Ter em casa os 1000 grandes livros.
Achar as edições do século XIX com as excelentes ilustrações que só essa época tinha.
Leia-os!
“Os 1000 melhores livros” indicados por John Senior – A Lista incompleta de Senior para ler durante a vida.
Primeira Infância (2 a 7 anos)
A experiência literária das crianças começa nos seus primeiros anos de vida, com alguém lendo em voz alta enquanto elas olham as gravuras. Porém, elas podem começar a ler histórias mais simples que já amam desde cedo.
Esopo: “As fábulas de Esopo” (A tradução de Robert L’Estrange é clássica).
Hans Christian Andersen: “Contos de Fadas” e “Noites Árabes”. (Existem duas traduções clássicas, uma de Andrew Lang, e outra de Richard Burton).
Hilaire Belloc: “Livro dos monstros para crianças desobedientes”; Contos Morais
Randolph Caldecott: “Livros de gravuras, 16 pequenos volumes”. (Publicado por Frederick Warne).
Lewis Carroll: “Alice no país das maravilhas; através do espelho”. (Ilustrado por Tenniel).
Carlo Collodi: “Pinóquio”.
Walter de la Mare: “Venha aqui” e “Músicas da infância”.
Maria Edgeworth: “O assistente dos pais” e “Contos Morais”.
Juliana Ewing: “Jackanapes” (Pateta) e “Gesta Romanorum” (As façanhas dos romanos). (Tradução de Swann).
Kenneth Grahame: “O vento dos Salgueiros”. (Ilustrado por Ernest Shepherd).
Kate Greenaway: “Torta de Maçã”; “Livro de Aniversário”; “O jardim de Calêndula”; “Mamãe Ganso”; “Debaixo da Janela”; “A linguagem das flores”. (Publicado por Frederick Warne).
Grimm: “Contos Domésticos”. (Ilustrado por Walter Crane).
Joel Chandler Harris: “Tio Remus”.
Charles Kingsley: “Bebês da água”.
Rudyard Kipling: “Histórias assim” e “O livro da selva”.
Charles Lamb: “A bela e a fera” e “Contos de Shakespeare”.
Andrew Lang: “O fabuloso livro azul e outras cores”. (5 volumes, ilustrado por H.J. Ford).
Edward Lear: “Sem cabeça nem pé” e “A coruja e o gatinho”. (Ilustrado por Lear Warne).
Hugh Lofting: “O circo do Dr. Doolittle” e outros da série.
A. A. Milne: “Ursinho Pooh” e outros da série. (Ilustrado por Rackhan; Viking Press).
Charles Perrault: “Contos de Fadas”. (Ilustrado por Dore).
Beatrix Potter: “Pedro Coelho” e 23 pequenos volumes. (Todos ilustrados por Potter. Um importante recurso desses livros é que eles são pequenos, produzidos especialmente para crianças pequenas. Compre os livros individuais, não tem todos reunidos em um grande volume).
Robert Louis Stevenson: “O jardim infantil de versos”.
Infantojuvenil (7 a 12 anos)
Andy Adams: “A vida de um Cowboy”. (Ilustrado por N.C. Wyeth).
Louisa May Alcott: “Mulherzinhas” e “Rapazinhos” e outros.
Thomas Bailey Aldrich: “História de um rapaz mau”.
Edgar Rice Burroughs: “Tarzan” serie de histórias.
Robert Browning: “O flautista de Hamelin”. (Ilustrado por kate Greenaway).
Hodgson Francis Burnett: “O jardim secreto” e “O pequeno lorde”.
William Collins: “Passeio de John Gilpin”. (Ilustrado por Caldecott).
James Fenimore Cooper: “Matador de veados”; “O último dos moicanos” e muitos outros.
Henry Richard Dana: “Dois anos antes do mastro”.
Charles Dickens: “Um conto de Natal”; “Críquete na ladeira”; “David Copperfield”; “Oliver Twist”. (O último deve ser reservado para adolescentes ou releitura).
Mary Mapes Dodge: “Os patins de prata”.
Daniel Defoe: “Robinson Crusoe”.
Hamlin Garland: “Filho da fronteira do meio” e outros.
Nathaniel Hawthorne: “Contos de Taglewood”.
George William Henty: “Uma centena de livros de rapazes”.
Washington Irving: “Caderno de esboços”. Coletânea de vários contos.
Will Smoky James: “Cowboy Solitário” e “Livro dos Cowboys”. (Ilustrado por James).
Charles Kingsley: “Westward Ho”; “Os Heróis” e outros.
Rudyard Kipling: “Capitães Corajosos” e “Stalky e Companhia”. (Ilustrado por Millar).
Henry Wadsworth Longfellow: “Hiawatha” e “Evangeline”.
Frederick Marryat: “Aspirante fácil”; “Mestre pronto” e outros.
John Masefield: “Jim Davis”.
Gene Stratton Porter: “Sem nome e sem ninguém” e outros.
Howard Pyle: “Robin Hood” e outros. (Ilustrado por Pyle).
Anna Sewell: “Beleza negra”.
Shakespeare: “A comédia dos erros”.
Johanna Spyri: “Heidi: A menina dos Alpes”.
Robert Louis Stevenson: “A ilha do tesouro”; “Raptado” e outros. (Ilustrado por N.C. Wyeth).
Harriet Beecher Stowe: “A cabana do pai Tomás”.
Booth Tarkington: “Penrod” e outros da série Til Eulenspiegel. (Traduzido para o inglês por Mackenzie).
Mark Twain: “As aventuras de Tom Sawyer”; “As aventuras de Huckleberry Finn”; “O príncipe e o mendigo”.
Jules Verne: “A volta ao mundo em oitenta dias” e muitos outros.
Laura Ingalls Wilder: "Uma casa na pradaria” e outros.
Johann Wyss: “Os Robinsons Suiços”.
Adolescência (12 a 16 anos)
Emily Bronte: “O morro dos ventos uivantes”.
Wilkie Collins: “A pedra da lua” e outros.
William Dampier: “A viagem ao redor do mundo”.
Alphonse Daudet: “As aventuras prodigiosas de Tartarin de Tarascon”.
Charles Dickens: “Barnaby Rudge”; “Nicholas Nickleby” e “Loja de Antiguidades”.
Arthur Conan Doyle: “Sherlock Holmes” toda a série; “Companhia branca”.
George Du Maurier: “Trilby”.
Alexander Dumas: “Os três mosqueteiros” e outros.
Edward Eggleston: “O professor Hoosier”.
George Eliot: “Romola”; “Adam Bede” e “O moinho à beira do rio Floss”.
Henri Fabre: “Seleções de recordações entomológicas”.
Thomas Hughes: “Os dias de escola de Tom Brown”; “Tom Brown em Oxford” e “O Corsário Negro”.
Victor Hugo: “O noventa e três”; “Os miseráveis” e “O corcunda de Notre-Dame".
Blasco Ibanez: “Sangue e areia” e “Os quatro cavaleiros do Apocalipse”.
Alain René Le Sage: “História de Gil Blas de Santillana”.
Mungo Park: “Viagens na África”.
Francis Parkman: “O caminho de Oregon”.
Marco Polo: “As viagens de Marco Polo”.
Charles Reade: “O Claustro e a lareira”.
Eugene Rhodes: “Melhores novelas e estórias”.
Mary Shelley: “Frankenstein”.
Shakespeare: “Sonho de uma noite verão”; “Romeo e Julieta” e “Mercador de Veneza”.
Henryk Sienkiewicz: “Quo Vadis?” e “A ferro a fogo”.
Jonathan Swift: “Viagens de Gulliver”.
Edgar Wallace: “Os quatro homens justos”; “Sanders do rio” e outros.
H.G. Wells: “A máquina do tempo”; “O homem invisível” e outros.
Owen Wister: “O virginiano: Um cavaleiro das Planícies”.
Juventude (16 a 20 anos)
Jane Austen: “Orgulho e preconceito” e outros.
Honore Balzac: “O pai Goriot” e muitos outros.
Edward Bellamy: “Um futuro para a terra”.
Georges Bernanos: “Diário de um Pároco de aldeia”.
Richard Blackmore: “O encanto de Lorna Doone” e outros.
George Borrow: “O centeio cigano” e outros.
Charlotte Bronte: “Jane Eyre”.
John Buchan: “Os 39 degraus” e muitos outros.
Samuel Butler: “O destino da carne” e “Erewhon”.
Branch James Cabell: “Jurgen, uma comédia da justiça” e outros.
George Washington Cable: “Velhos tempos crioulos” e outros.
Willa Cather: “Minha Antônia”; “A morte vem buscar o Arcebispo” e outros.
G.K. Chesterton: “Padre Brown” toda a série; “O Homem Eterno” e “O homem que foi Quinta-Feira".
Christopher Columbus: “Quatro viagens ao novo mundo”.
Joseph Conrad: “Lorde Jim” e muitos outros.
James Cook: “As explorações do Capitão Cook”.
Guy De Maupassant: “Estórias”.
Charles Dickens: “A casa misteriosa”; “Nosso amigo em comum” e “Martin Chuzzlewit”.
Fiódor Dostoiévski: “Crime e castigo” e “Irmãos Karamazov”.
Charles Doughty: “Viagens no deserto da Arábia”.
Henry Fielding: “Tom Jones” e “Jonathan Wilde”.
Richard Hakluyt: “Viagens para o novo mundo”.
Anthony Hope Hawkins: “O prisioneiro de Zenda”.
Nathaniel Hawthorne: “A letra escarlate” e outros.
Washington Irving: “A vida e as viagens de Cristóvão Colombo”; “As crônicas da conquista de Granada” e “A vida de George Washington”.
Helen Hunt: “Ramona”.
Selma Lagerlöf: “Jerusalém”; “A saga de Gösta Berling” e outros.
Pierre Loti: “Um pescador da Islândia” e outros.
Alessandro Manzoni: “Os noivos”.
Herman Melville: “Moby Dick”; “Billy Budd, Marinheiro” e outros.
Tom Moore: “Lalla Rookh”.
William Morris: “Notícias de lugar nenhum”.
Robert Scott: “A última expedição de Scott”.
Shakespeare: “Macbeth”; “Hamlet”; “A megera domada” e “Do jeito que você gosta”.
Stendahl: “O vermelho e o negro” e “A Cartuxa de Parma”.
Henry Morton Stanley: “Como eu encontrei Livingstone”.
William Makepeace Thackeray: “A feira das vaidades”; “A história de Henry Esmond” e outros.
Leo Tolstoi: “Guerra e paz” e outros.
Anthony Trollope: “As torres de Barchester” toda a série.
Ivan Turgenev: “Pais e filhos”; “Um Ninho de Cavalheiros” e outros.
Sigrid Undset: “Cristina, filha de Lavrans” e outros.
Giovanni Verga: “Os Malavoglia” e outros (Traduzido para a língua inglesa por D.H. Lawrence).
Booker T. Washington: “Saí da Escravidão”.
Leitura Espiritual (Todas as Idades)
A Bíblia Sagrada. Para propósitos culturais, têm duas traduções de língua inglesa: para os Protestantes a versão de King James e para Católicos a Douay-Rheims. Ambas são obras-primas literárias como nenhuma outra remotamente é. Visto que os mistérios da fé podem ser comunicados apenas por meio da poesia, portanto, o que as versões modernas talvez ganhem em precisão não é nada comparado no que elas perdem².
Música
Evitando cair em extremos fáceis ou difíceis - Nem Bach e nem Debussy – a distinção entre grandioso e bom é opaca. O estudante deveria ouvir pelo menos uma obra por semana, ouvindo várias vezes e separadamente os movimentos ou atos até reconhecer os temas tornando-os como referências. É bem melhor conhecer muito bem poucas obras do que conhecer mais ou menos várias obras. Segue uma boa ordem de compositores para iniciantes.
Beethoven. Concerto para violino.
Beethoven. Sinfonia Pastoral.
Verdi. Rigoletto.
Com a opera, leia o livreto inteiro em inglês, então pegue apenas uma única cena e coloque para tocar várias vezes e tente acompanhar as palavras em italiano (ou francês ou em alemão) com o entendimento do que elas significam. Passe por toda a história da opera, cena por cena, pegue os grandes momentos – arias, duetos, etc. É bom ter duas gravações, uma da obra completa e outra só dos temas mais importantes.
Puccini. La Boheme
Mozart. Concerto para Clarinete ou Concerto para Oboé; Sinfonia de Júpiter;
Música de piano (especialmente tocada por Gieserking)
Beethoven. Sétima Sinfonia.
Brahms. Quarta Sinfonia.
Chopin: Seleções.
(Mais importante: os alunos devem assistir a concertos ao vivo).
Arte
A série Civilizações de Kenneth Clark. Ele publicou um livro ilustrado dos textos dessa série. O mais importante é visitar os museus e galerias de arte.
Acredito que a lista para saber o que ler para seus filhos desse artigo vai te ajudar a formá-los para a aquisição da cultura literária e humanidades em geral, com um norte para nos guiar nessa jornada tudo fica mais claro e o caminho menos espinhoso.
Se você quer saber mais como formar seus filhos na leitura de obras ficcionais e com isso torná-los bons leitores, clique aqui, e conheça o nosso método de Alfabetização que conta com atividades explícitas de leitura utilizando obras literárias para fomentar a cultura, o desenvolvimento da linguagem e o vocabulário das crianças.
Até o próximo artigo.
Notas
1. Introdução equipe Alfabetização Diária.
2. J Bunyan, John. Pilgrim’s Progress—the Great Protestant Masterpiece. de Sales, St Francis. Introduction to the Devout Life—the best there is.
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